Quem poderia imaginar ao final de 2019 que estaríamos passando por uma crise como esta? Governos decretando fechamento de escolas, comércios, lockdown de toda a população, etc.
Nós temos uma situação muito complexa a ser enfrentada e feita no modelo de tentativa e erro, pois nunca tivemos um movimento como este. Não vou entrar na discussão se este ou aquele modelo é o mais apropriado, mas focar no que pequenas empresas podem fazer para sobreviver neste momento, já que são a base da economia do país.
De acordo com um estudo da JPMorgan Chase Institute, que analisou 597.000 pequenos negócios nos Estados Unidos de fevereiro a outubro de 2015, descobriu que metade deles possuem um capital de giro suficiente para suportar até 27 dias de funcionamento sem faturamento e metade não possui nem isso. Podemos através deste estudo, adaptá-lo a realidade brasileira e baseada na minha experiência de consultor, acredito que as pequenas empresas do Brasil possuem menos que isso.
Bill Gates em 2015 em uma palestra no Ted Talk disse: “Quando eu era criança, o desastre que mais temíamos era uma guerra nuclear. Hoje, o maior risco de catástrofe global não se parece com uma bomba, mas sim com um vírus”, inclusive com uma imagem do coronavírus na imagem da apresentação.
Com informações como estas, que são de cerca de 5 anos atrás, o que podemos tirar de conclusão em relação a esta crise que estamos passando? Há anos já estamos sendo, de certa forma, avisados que precisamos estar preparados em relação a alguma crise que pode surgir, sem dar muitos sinais e principalmente tempo para nos preparar. Tive negócio por 8 anos, trabalhei como consultor do SEBRAE-SP por quase 4 anos e agora atuo como consultor independente e sempre vi, seja na minha ou na empresa de clientes a dificuldade de se manter um capital de giro suficiente para passarmos por fases complicadas como esta.
Porém, percebo que o problema do capital de giro não é conseguir juntar o valor necessário, mas sim entender que ter esse valor é essencial para a saúde da empresa. Capital de giro não é um dinheiro sobrando na conta da empresa, que posso usá-lo para o que bem entender. Momentos como este nos mostram como ele é crucial para a sobrevivência da empresa. O que é capital de giro? Capital de giro é o valor que a empresa possui em caixa para mantê-la funcionando, ou seja, pagando suas contas operacionais sem a necessidade de faturamento.
Importante ressaltar que o capital de giro é diferente de capital fixo, que é direcionado para investimentos a compras de maquinários, bens e matérias-primas, por exemplo.
Como o estudo da JPMorgan diz, as pequenas empresas nos EUA suportam 27 dias de funcionamento, sem faturamento, baseado no quanto elas possuem de capital de giro. Você já fez esse cálculo de quanto sua empresa possui de capital de giro? Sabia da importância disso? Não possuo capital de giro, e agora? Neste momento de reclusão para contenção do espalhamento da doença as empresas com lojas físicas estão fechadas, exceto as de necessidades básicas. É um momento de revolução nos modelos de negócio para adaptação ao novo momento. Muitas empresas estão com boa parte dos colaboradores, se não todo o quadro, em teletrabalho (home office) e a solução que bate em nossas portas é a internet. A internet é o único meio que conecta a todos sem gerar ônus para a saúde das pessoas.
Pense em como seu negócio pode atender aos seus clientes de forma remota, entregando seus produtos via delivery, seus serviços via videoconferência, para que seu negócio continue rodando em meio a esta pandemia. Renegocie TUDO Como eu mencionei anteriormente, o maior problema no momento é o capital de giro nas micro e pequenas empresas para suportar a quarentena.
Aluguel, água, energia, financiamentos, empréstimos podem e devem ser negociados para que o período de quarentena seja suportado de maneira mais branda. Todos estão cientes da situação e muitos estão dispostos a renegociar para que as empresas passem por este período e voltem com força total assim que voltarmos a vida normal, como alguns estudos já preveem.
Como será o pós-quarentena? Alguns estudos estão surgindo para tentar prever como será o mundo após a pandemia do COVID-19. Analisei alguns, como o das perspectivas econômicas para 2020/21 do Itaú e o BCG ROUNDTABLE BRAZIL: Como reagir aos impactos do COVID-19. As informações que mais me chamaram a atenção é que 2020 será realmente um ano difícil, de recessão no mundo, exceto na China, com crescimento no desemprego no Brasil, porém não tão grande quanto poderíamos esperar. De acordo com o estudo baseado em outras pandemias, o retorno normalmente é em formato de V, onde existe uma queda brusca na economia, porém o retorno é igualmente forte.
A conclusão que chego, baseado nesses estudos é: se prepare para dois momentos – forte retração e forte escalada da economia pós-pandemia. Dar alguns passos para trás agora, se adaptando a nova realidade de venda virtual é essencial para que, no retorno da economia, sua empresa esteja funcionando e pronta para o crescimento que está por vir.
Fontes:
https://www.bcg.com/featured-insights/coronavirus.aspx
https://endeavor.org.br/financas/capital-de-giro/?gclid=CjwKCAjwguzzBRBiEiwAgU0FT5xSRryuPZnZJNlsj3ZDHb6s4JmJ5mw4u2EY4MTonpkS02H4ZQCZohoC4lUQAvD_BwE
https://www.jpmorganchase.com/corporate/institute/document/jpmc-institute-small-business-report.pdf
https://www.businessinsider.com/how-long-companies-can-survive-without-bringing-in-money-2020-3
https://www.youtube.com/watch?v=6Af6b_wyiwI&feature=emb_logo
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